quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Eu vivo sempre no mundo da lua

Me chamo Bete. Tenho vinte poucos anos e to muito confusa. Tem muitas coisas que acho estranhas no mundo. Que não consigo entender razão, motivo... da existência.

Por exemplo, a minha.


Eu andei por aí, conversando com pessoas. Trocando figurinhas, falando dos meus conflitos, mas não tem adiantado. Isso só tem me gerado mais questões.


Certa vez, tentei entender a loucura. E na tentativa de somar 1+1 não cheguei a 2. Foi estranho. Mas algum conhecimento “formal” que recebi durante a vida me fez levantar alguns pontos relevantes pra dada situação.


Esse conhecimento acadêmico, “pelas metades”, tentou fazer um corte e apontou algumas coisas que eu ainda não havia dado importância.


Hoje nossa geração agradece muito a Galileu pelas suas descobertas, mas em vida ele foi considerado Herege, louco e exilado, passando o fim da vida em um lugar “tranqüilo” que lhe causava grande perturbação. Foi assim com ele e muitos outros que transgrediram que fugiram da norma, do que foi dado como certo.


Pra época de Galileu, ser considerado herege (aquele que não respeita as leis da Igreja) era um rótulo para loucura. Mas hoje não. Não é um valor que impera. A Igreja católica já não é tão mais forte assim. Já não domina tanto a sociedade. Tanto que a literatura da época era recheada de adorações religiosas e todos os textos antes de serem publicados tinham que passar pela aprovação da Santa Inquisição.


“Dels que me perdoe”.


Certo. Naquela época isso imperava. Hoje não importa tanto. Então o que impera hoje?


O capitalismo diria Marx?


É o sistema o grande imperador?


Não quero respostas rápidas, quero respostas de verdade!


Então sem afirmar com toda convicção, prefiro apenas levantar alguns pontos. Diria suposições da grande pesquisa que faço de mim.


O que é ser normal hoje?


Dentro desse sistema, a primeira coisa que vem na minha cabeça é a palavra produção. Para ser normal você deve produzir.


O que é produzir?


É “fabricar” algo pra “sociedade” e com isso gerar dinheiro pra seu próprio sustento.


É trabalhar.


Trabalhar.


Você gosta de trabalhar?


Você gosta do seu trabalho?


Como escolher no que trabalhar?


A gente pode escolher?


O que é uma profissão?


Vamos supor que você goste muito de fazer uma coisa, mas o mercado dessa coisa não está em alta. Ou seja, é muito difícil conseguir um emprego na área ou as oportunidades que surgem não são bem remuneradas. O que você faz? Escolhe outra coisa?


Como se escolhe outra coisa?


Como se dar bem em outra coisa em função do dinheiro, da produção?


Tem como?


E depois, qual o objetivo disso tudo?


Qual o foco?


Nesse momento eu penso que deveria parar de filosofar e produzir algo. Mas tive a sorte (azar) de ser contaminada pelas idéias “desses Sócrates” que disseram (pela primeira vez?) “Conhece-te a ti mesmo”. Mas isso não faz tanto sentido no primeiro contato, até porque provavelmente ainda estamos na caverna que aquele outro disse.


E aí? O que fazer?


Como escolher?


Eu não sei o que fazer. Não sei como produzir do jeito que o sistema pede. Isso me torna...


É isso?


Acho que não vou passar a noite jogando minhas perguntas ao laptop.


Muito prazer. Meu nome é Bete, tenham uma boa noite!

2 comentários:

Juliana Almeida. disse...

Como diz o poeta e a propagada da "Época", não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas.
Então, que bete continue se perguntando... ;D

Maíra Mello disse...

cara...a caverna de Platão tem tudo a ver com isso. O que é real?? O que é ilusão?? E dentro dessa "realidade" ou "ilusão", o que se deve fazer, como devemos agir, se as normas podem ser diferentes?? E se eu nao quiser seguir normas??