terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Uma cerveja geladinha e dois copos

Quando eu não tenho nada pra fazer, fico imaginando situações que poderiam ter acontecido. Na verdade, “mirabolando” histórias interessantes pra escrever.

Às vezes escrevo, mas nem sempre publico. Até porque tem coisas que não me sinto à vontade para tornar público, não agora.


Você ainda não me conhece. Sou Estela, mas poderia ser Maria, ou Julia, até mesmo Pedro, porque não? Sou mais um pseudônimo de autor que não gosta de mostrar-se em seus textos. Uma Joana dessas, que pensa em dizer agora o que passa pela cabeça.


Pedi uma cerveja, tudo bem pra você?


Espero que pelo menos venha bem geladinha! Com esse calor o que eu mais quero é que a cerveja esteja bem geladinha!!


Quer um cigarro? Tenho que parar!


Papo furado? Poxa, me leva a sério, pelo menos com relação a isso.


Que inusitado, não acha? A gente aqui. Depois de tudo que passamos. Eu e você. Numa mesa de bar. Você não sente vontade de me perguntar coisas mais íntimas?


Eu? Indelicada? Ahh me desculpe. Achei que eu tivesse essa liberdade.


Lembra de como foi nosso primeiro beijo? Que confusão não acha? Maluquice!


Não acha? Foi tudo normal pra você não é mesmo? Eu que era careta demais! Tem razão.


E você pensava o quê quando nos encontramos pela segunda vez?


E na terceira? Quarta, quinta, sexta... 1 mês não foi mesmo?


Eu me apaixonei. Ahhh, mas não deveria estar dizendo isso a você. Não merece saber que fui a fim de verdade. Não tem por que. E nem direi.

Não merece!

Seu copo ainda está cheio. Você se quer se esforçou para tomar um gole.

E nem vai tomar.

Te conheço. Conheço essa cara. E nem adianta rir pra mim.

Pára.

Sabe que não resisto ao seu sorriso.

(Muda bruscamente a expressão. Sai do ar descontraído que se encontrava ao lembrar-se do sorriso e fica séria. Pega o copo hesita em beber, mas percebe que a cerveja já está quente, leva a mão até o pé da mesa, com o copo, e derrama a cerveja) Esse é pro santo!


(Levanta a mão para que o garçom volte a atendê-la)


Amigo, não preciso mais desse copo, pode levar, minha amiga não virá mais.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Badejo

Não é todo dia que pequenos burgueses põem Badejo na mesa. Deve haver um pretexto, uma ocasião especial. E não foi diferente na família Ramos. João o chefe da família está preocupado com a filha, Ambrosina, que já completou 22 anos e ainda não se casou. Então ele prepara um almoço, que vai lhe custar caro, para aproximar sua filha de dois pretendentes, considerados por ele, dignos da mão dela.

A fartura de comes e bebes prepara a ocasião. O que João Ramos não esperava era que Ambrosina não se interessasse por nenhum dos dois pretendentes. Dando a essa história, que se passa no fim do século XIX na cidade do Rio de Janeiro (então Capital Federal), seu caráter de comédia de costumes. Alertando a sociedade as hipocrisias que cercam os casamentos arrumados pelas famílias das moças.


Artur Azevedo, autor da peça, conta essa história em três atos, em verso. Aproveitando-se da condição econômica em que se encontrava o país, ele faz a feliz escolha de usar o Badejo (peixe que sofreu forte aumento de preço na época, junto com outros produtos que também vinham aumentando seu custo) como muleta desse contexto de ostentação da sociedade burguesa que existia no Brasil.