quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz 2010

Os dias passam...

A rotina me mostra outra vez o mesmo filme de ontem.

Quisera que tudo mude no novo ano que se aproxima.

Na cozinha outra comida.

E os mesmos a preparam.

Está servido?

Tem guardanapo ali no canto.

Hoje tem pastel na mesa.

E na cabeça preocupações mais quentes.

Inquietudes e anseios (fritam)...

E o que fazer?

Comer!

Vai um pastel aí?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Fazendo poesia na madrugada

As ruas se calam, as janelas se fecham, as portas se trancam, as luzes se apagam, o tempo parece passar mais devagar por se estar só nesse silêncio matinal.
E a poesia sai numa letra pra descrever essa calmaria, que durante o dia não permitiria, pois ele insiste em correr com seu horário comercial, onde as coisas têm prazo de validade para se resolver.

Estamos aqui, eu a letra, e você o leitor usando seu tempo pra ler, dando atenção a uma atividade literária proveniente do ócio de mais uma madrugada calada.

E assim poetas da noite, deixem seu verbo, para que com ele alimente meu ego, sabendo que teve audiência essa demonstração de impaciência.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Eu vivo sempre no mundo da lua

Me chamo Bete. Tenho vinte poucos anos e to muito confusa. Tem muitas coisas que acho estranhas no mundo. Que não consigo entender razão, motivo... da existência.

Por exemplo, a minha.


Eu andei por aí, conversando com pessoas. Trocando figurinhas, falando dos meus conflitos, mas não tem adiantado. Isso só tem me gerado mais questões.


Certa vez, tentei entender a loucura. E na tentativa de somar 1+1 não cheguei a 2. Foi estranho. Mas algum conhecimento “formal” que recebi durante a vida me fez levantar alguns pontos relevantes pra dada situação.


Esse conhecimento acadêmico, “pelas metades”, tentou fazer um corte e apontou algumas coisas que eu ainda não havia dado importância.


Hoje nossa geração agradece muito a Galileu pelas suas descobertas, mas em vida ele foi considerado Herege, louco e exilado, passando o fim da vida em um lugar “tranqüilo” que lhe causava grande perturbação. Foi assim com ele e muitos outros que transgrediram que fugiram da norma, do que foi dado como certo.


Pra época de Galileu, ser considerado herege (aquele que não respeita as leis da Igreja) era um rótulo para loucura. Mas hoje não. Não é um valor que impera. A Igreja católica já não é tão mais forte assim. Já não domina tanto a sociedade. Tanto que a literatura da época era recheada de adorações religiosas e todos os textos antes de serem publicados tinham que passar pela aprovação da Santa Inquisição.


“Dels que me perdoe”.


Certo. Naquela época isso imperava. Hoje não importa tanto. Então o que impera hoje?


O capitalismo diria Marx?


É o sistema o grande imperador?


Não quero respostas rápidas, quero respostas de verdade!


Então sem afirmar com toda convicção, prefiro apenas levantar alguns pontos. Diria suposições da grande pesquisa que faço de mim.


O que é ser normal hoje?


Dentro desse sistema, a primeira coisa que vem na minha cabeça é a palavra produção. Para ser normal você deve produzir.


O que é produzir?


É “fabricar” algo pra “sociedade” e com isso gerar dinheiro pra seu próprio sustento.


É trabalhar.


Trabalhar.


Você gosta de trabalhar?


Você gosta do seu trabalho?


Como escolher no que trabalhar?


A gente pode escolher?


O que é uma profissão?


Vamos supor que você goste muito de fazer uma coisa, mas o mercado dessa coisa não está em alta. Ou seja, é muito difícil conseguir um emprego na área ou as oportunidades que surgem não são bem remuneradas. O que você faz? Escolhe outra coisa?


Como se escolhe outra coisa?


Como se dar bem em outra coisa em função do dinheiro, da produção?


Tem como?


E depois, qual o objetivo disso tudo?


Qual o foco?


Nesse momento eu penso que deveria parar de filosofar e produzir algo. Mas tive a sorte (azar) de ser contaminada pelas idéias “desses Sócrates” que disseram (pela primeira vez?) “Conhece-te a ti mesmo”. Mas isso não faz tanto sentido no primeiro contato, até porque provavelmente ainda estamos na caverna que aquele outro disse.


E aí? O que fazer?


Como escolher?


Eu não sei o que fazer. Não sei como produzir do jeito que o sistema pede. Isso me torna...


É isso?


Acho que não vou passar a noite jogando minhas perguntas ao laptop.


Muito prazer. Meu nome é Bete, tenham uma boa noite!

domingo, 22 de novembro de 2009

Esperando...

... Godot*!

Didi: Eu sinto...

Gogo: Você sente?

Didi: Sinto como se estivesse na hora certa para compor nossa primeira música.

Gogo: Que papo é esse?

Didi: Sinto como se você me dissesse o primeiro adeus.

Gogo: Que papo é esse?

Didi: Me dê um cigarro!

Gogo: Não fumo!

Didi: Tinha esquecido. Vou comprar cigarros.

Gogo: Comprar cigarros? Onde? Ficou maluco?

Didi: Eu tenho um pouco de fumo no meu bolso, acho que vai servir para aturar meus primeiros minutos em que sinto que estou te perdendo.

Gogo: Que papo é esse?

Didi: Você só sabe perguntar isso?

Gogo: Isso o que?

Didi: Deixa pra lá.

Gogo: O que estamos mesmo fazendo aqui?

Didi: Bem, não sei.

Gogo: Era de se imaginar!

Didi: Se o que tenho pra te dar é amor?

Gogo: Agora mesmo que não entendo o que você diz. Não estou entendendo onde você pretende chegar.

Didi: A lugar algum.

Gogo: Ótimo! Assim as coisas ficam mais claras!

Didi: Você que se diz direto. Na minha direção, diria que não me quer mais?

Gogo: (Apenas hesita em dizer algo)

Didi: Ou simplesmente pararia de falar comigo?

Gogo: Eu? Parar de falar com você?

Didi: É.

Gogo: Marca no meu escritório a hora que você quer pra eu te atender!

Didi: Assim eu espero.

Gogo: Espera o que?

Didi: Espero Godot.

Gogo: Mas quem é esse tal Godin?

Didi: Godot!

Gogo: Godot!

Didi: Você saberá!

Gogo: Eu o conheço?

Didi: Presumo que sim. Ou não? Não sei, não me faça esse tipo de questionamento a essa hora da noite!

Gogo: Mas que tipo de questionamento eu faria?

Didi: Qualquer um, menos esse!

Gogo: E porque não esse?

Didi: Tudo bem, fale o que quiser. Estou esperando ele mesmo. Assim é bom, que o tempo passa mais rápido.

Gogo: Como pode passar mais rápido? Se o tempo é o mesmo?

Didi: Passa mais rápido, a medida que eu não percebo que ele está passando. Por isso acho que na sua ausência ele iria demorar um pouco mais a passar.

Gogo: Como você pode achar isso , se nunca provou. A quanto tempo estamos juntos?

Didi: Há algumas semanas!

Gogo: Há algumas semanas!

Didi: Isso o tornaria substituível?

Gogo: Sim, presumo eu.

Didi: Pois então me deixe enquanto ainda há tempo. Pois não quero sentir a dor de uma grande perda!

Gogo: E depois que eu partir? O que você pretende fazer?

Didi: Vou continuar esperando Godot!


*Analogia ao texto de Samuel Beckett “Esperando Godot”. Descrição de um dia fatídico em meus pensamentos, produtivo em minhas relações intelectuais, frustrante em minha espera por Godot que não veio hoje.


Gogo: Porque você não fica quieto por um instante?

Didi: Assim eu incomodo?

Gogo: Não é isso. Você não gosta do silêncio?

Didi: Às vezes.

Gogo: Então porque não fica quieto agora!

Didi: É que falando eu sinto que existo.

Gogo: E não há possibilidades de se existir no silêncio?

sábado, 20 de junho de 2009

Uma pausa pra relaxar, sem perceber

A gente inventa o cigarro, ascende e começa um hábito. Mas a principio é só uma brincadeira, experimentação, dessas que a gente considera interessante passar.
Na mesa do bar, a maioria fuma. E os passivos, como são chamados pelo Ministério da Saúde, assistem sem perceber (há controvérsias). Aos olhos de quem não se iniciou nesse hábito é uma tremenda burrice tal uso. E com razão. É a educação surtindo efeito. Que bom. Então, já que é sabido da tolice de fumar, vou ascender um, e desse mal não vou me viciar, porque quando eu quiser parar consigo. Não vai fazer falta. Afinal nem sei qual é a falta que faz se não é presente. Claro.
Mas sem perceber, agora na mesa do bar não tem mais passivos. Todos estão na mesma vibe. “Só não fumo em casa”. Grita João. “Tá doido maluco, eu não fumo em lugar nenhum, só quando bebo”. Responde Pedrinho. E assim todas as noites do bar tornam-se recheadas de maços, isqueiros, cinzeiros, palitos, cinzas, fumaaaaaaaaçaaaaaa, e muita descontração. Prazer, risos, alegria, amigos.
Sem definir causa ou motivo alguém pára de freqüentar o bar, e seus momentos de socialização com o cigarro, que estavam limitados ao uso no bar, de certa forma são interrompidos.
“Mas que saudade dos velhos tempos”. Ascende um cigarro na faculdade e começa a lembrar.
E assim, sem perceber, ele passa a ser associado com uma situação legal.


Uma pausa pra relaxar. Vamos fumar um cigarro?


Obs.: Esse texto não tem a finalidade de estimular o uso do cigarro. É uma obra de ficção. Toda e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

domingo, 17 de maio de 2009

Obrigada por esta noite

Se um dia eu fizer um verso pra você
Não censure
E se a música que eu fiz tocar
Não mude a estação
O que eu senti por você
Foi sincero e único
Hoje não é o mesmo
As intensidades e as intenções
Mudaram
Portanto permita que eu expresse qualquer sentimento
Pois eles não têm a pretensão de te reconquistar
Mas me faz bem los dizer
E acredito que também seja bom pra você, saber que és musa de minha inspiração.
Com o tempo isso pode mudar
A gente sabe
Foi com Vinícius, Fernando, Tom...
Entre tantos e tantas
Passou e mudou
Mas as palavras ficaram em registro pra eternidade e sorte das outras gerações
Não pretendo que essa prosa tenha fim
Foi improvisada e pode ser adaptada
Só espero que com ela você se sinta amada.
E continue seguindo a vida acreditando nas benditas coisas que ainda não viveu!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Algo ou Alguma Coisa

Numa noite dessas, madrugada calada, em uma rua deserta, num quarto aceso, em frente a uma tela de computador.
De boa, esperando o tempo passar e o sono chegar.
O cabelo cresceu, as unhas demonstram uma ausência entendida por quem as vê, o pé ta sujo, mas pelo menos a barriga ta cheia e se sentir fome, tem mais na geladeira. Na casa de mamãe, sempre teve comidinha pronta.
Mas o tédio ta tomando conta, viver, intensamente, já faz parte. Escolher caminhos, mesmo que imorais, experimentar novas formas, liberar pelos poros, espontaneamente, a própria filosofia, dizer quem se pensa que é, quem se pensa que se pode ser, sem pudor, sem caneta e papel, assim, na lata, na cara, pros ouvintes que no círculo adentram, tornou-se fundamental. Uma excelente válvula.
O chifffffff que a bomba de encher pneu faz. O ahhhhhhhhhhhhhh da pessoa irritada. O tsiiiiiiiiii da água quando toca uma panela quente. O texto do escritor numa madrugada vazia e calada.
É a válvula! É o escape! É a fuga! É a maneira de...
A exposição do tédio, do ócio, do vazio e do calado. A verbalização dos pensamentos que povoam a mente. Um texto que narra um fim de noite sem muito fundamento, mas que tenta renovar a energia de quem escreve com a possível interação de uma pessoa, que também está sem sono numa madrugada calada.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O que você quer ser quando crescer?

Você passa a infância achando que ser um astronauta, uma bailarina, um jogador de futebol ou uma atriz é estar entre as melhores profissões do mundo. As mais bonitas. E é por isso que você quer se tornar um também.
E você cresce dizendo isso, lógico, as pessoas insistem em perguntar:
--- O que você quer ser quando crescer?
E você insiste em reforçar:
--- Atriz!
Mas você, nessa idade, se quer conhece as maravilhas da profissão, que dirá os riscos. E tem outra, ninguém te questiona, nutrindo ainda mais esse seu sonho, e pra completar dizem coisas como:
--- Que bonito! Quando for famosa não se esquece de mim.
E sua cabeçinha de criança, cheia de estrelas vê esse mundo lindo e glamoroso surgindo na sua vida e as entrevistas simuladas no espelho do banheiro tornam-se constantes, a preparação dos discursos em público surgem de acordo com a criatividade das perguntas que te fazem:
--- E se lhe perguntarem sobre os seus relacionamentos?
Ai ai ai, quanta piração, quanta criatividade, quanta imaginação, quantos sonhos.
Mas você começa a crescer, obviamente e vê que está na hora de colocar seu plano em prática. Mas você já tem um plano?
Não, lógico que não, você acabou de crescer, vai continuar seguindo o fluxo, vai fazer o que suas mãos alcançam, vai buscar uma formação, ou melhor, uma profissão.
Ué, mas e a bailarina? O jogador? O "lunático"? E a atriz?
Não era essa a profissão que você queria?
Porque é que você tem que procurar outra?
Alguém sabe me dizer?
To perdida nas minhas idéias, vivendo uma constante crise existencial. Já tenho 20 poucos anos e muitas perguntas que continuam sem resposta. Achei que quando adulto tudo fosse mais fácil, mas agora percebo que desejar ser atriz, na minha realidade, era bem mais fácil quando eu era criança.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Quem quer comprar meu samba?

O que se vê, aquela coisa plástica, materializada, esteticamente composta, é o que enche os olhos, o que encanta, o que desperta a libido. O corpo é o portfólio do individuo.
E essa representação se intensifica nas festinhas (boatezinhas, rockzinhos, sambazinhos, forrozinhos, etczinhos). Alguns vão lá pra demonstrar o produto, e outros (obviamente) para consumir. E ganha quem dá mais. Quem dá mais samba, quem dá mais moda, quem dá mais padrão e segurança, quem dá mais o que tem pra dar e vender.
Cada um no seu papel, vários personagens parecidos. Ninguém quer estar em evidencia como um ser diferente. Tem que rolar identificação. Puta que pariu o que é identidade?
Nessa sociedade pós-moderna o mundo das aparências está em evidencia, e a todo o momento e a todo custo caminhamos ao rumo do sol, há mais coisas pra ver, mais que a imaginação, tem a nos permitir, é o ciclo sem fim, hey, hey, hey, hey, que nos guiará, a dor e a emoção, pela fé e o amor, até encontrar o nosso caminho, nesse ciclo, nesse ciclo sem fim, hey, hey, hey, hey. Já dizia a trilha sonora de “O rei leão”, rsrsrrsrssrs.
Mas é mais ou menos por aí mesmo, buscar o caminho do sol, o foco da luz, o padrão pro pertencimento.
Entretanto hoje já existem vários modelos para se consumir, foi criada a noção de grupo, gueto, galera, tribo. E assim os seres se tornam diferentes (de um grupo pro outro), mas iguais (dentro do próprio seguimento). Então externar isso em seu portfólio (o corpo, a sua aparência) é imprescindível para sentir-se pertencente à determinada tribo. Quem discorda que falar em autenticidade, hoje, é hipocrisia?
Assim, as festinhas tornam-se um ótimo laboratório pra estudo de caso, rs. Moves’s, Hey Ladies, L.E.B’s, Swingers, Happy’s News, Buracos, Lacraias, Cobras e Lagartos. Todo tipo. Independente do seguimento. E não me excluo da analise. Minha pesquisa é empírica, mas que desrespeita o distanciamento do pesquisador. Meu comportamento também conta. Eu participo dessa reprodução inconscientemente?
Não sei, pra mim ainda não tenho respostas. Vivo de perguntas, questões e mais questões. Vivo buscando me encontrar, tentando me identificar, mas sem excluir grupos, sem rixas entre lados, talvez seja por isso que ainda não tenha encontrado um que me identificasse tanto.
Até porque, a meu ver, os encantos dessas aparências passam tão rápido quanto vieram. A essência fica esquecida, as pessoas já não tem mais tempo para conhecer melhor alguém, já consideram-se suficientemente suprido de amigos e de pessoas ao seu redor. E a essência? Foda-se a essência. É algo tão complexo que é ignorado, deixado de lado, como um livro, que por não ter uma arte tão magnífica na capa, acaba sem vender seu samba.